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"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena"

sexta-feira, 4 de junho de 2010

INSPIRAÇÃO















Inspiração!

Novamente está aqui, como se iniciasse através dos meus sonhos, uma nova viagem na minha mente. Como se me obrigasse a reiniciar a minha vida adormecida, nas imagens refundidas pelas palavras que nascem dentro de mim. Que têm forçosamente que morrer na espuma branca de um papel, a beijar primeiramente, o virtual e só depois… (já impressas) a redizer essa realidade que encarno, que nem sempre me traduz… mas que afago, com a ostentação de quem se sente retratada e simultaneamente desfeiteado.

Só então… as palavras me atravessam ao meio, dividindo-me em partes desiguais. Desnudam-me com a insensatez de um bêbado a arrastar os seus delírios, na calçada de uma mente iluminada de alucinações. Abandonando a lucidez nos átrios mais remotos de casas assombradas, como se o espírito seguisse ao volante de um automóvel que mais cedo ou mais tarde capotará no inferno negro de um asfalto escoriado.

As palavras ganham forma e vida, contigo dentro de mim, e eu fico refém delas.

Por isso me sobressalto quando te sinto como uma aragem a tocar o vácuo. Como se completasse em mim uma outra vida, encastoada na magia das sílabas a falar no cume da sua mudez.

Às vezes sofro… tanto!

A poesia mata-me e faz-me renascer. Faz-me amar e sofrer na mais terrífica solidão. Enxergar a inexistência onde encontro tudo o que não tenho tudo quanto me completa.

Que paradoxo mais aberrante...!

Mas é certo, acredita?

Tão certo como eu fugir da morte. Não por ter medo dela, mas por saber que me roubará a possibilidade de sentir a chuva no corpo enquanto caminho sem destino. Que me roubará a possibilidade de sentir o vento esbofetear-me com os seus canibais dedos de estufa, enquanto os temporais programam as suas diabruras nos densos e ameaçadores céus. Por saber que deixarei de lhe reescrever enquanto durmo, acordada, enquanto acordo, dormindo.

Inspiração, por que me invade assim sem pedir licença? Por que me fascina e me adentra sem escrúpulos? Oh INSPIRAÇÃO espontânea e inesperada, faça de mim seu castelo e de minha solidão, o doce motivo para devora-me por inteiro. Depois, saia de mansinho deixando seu rastro indelével de poesia e o desafio de mais uma vez ficar muda diante de uma plenitude sem razão.







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